Resenha Histórica

O Instituto Histórico e Geográfico de Alegre, identificado pela sigla IHGA-ES, é uma associação civil de caráter cultural e científico, sem fins lucrativos, reconhecido como de Utilidade Pública Municipal pela Lei nº 2.642/2004.

Foi criado aos nove de abril de 1999, sob a coordenação do Desembargador Alegrense – Dr. Sebastião Teixeira Sobreira – contando ainda no ato de sua fundação, com as presenças de outros membros do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo: João Bonino Moreira, Lea Brígida Rocha Alvarenga Rosa, Renato José da Costa Pacheco, Assunta Baliana Zamprogno, entre outros.

Além do resgate e preservação de documentos, em 9 anos de existência, o Instituto tornou-se centro dinâmico de pesquisas, cursos, exposições, simpósios e atividades culturais, possuindo um acervo bibliográfico, hemerográfico, arquivístico, iconográfico, cartográfico à disposição do público durante todo o ano.

Objetivos

O principal objetivo da Instituição é o estudo da História, Geografia e ciências afins do município de Alegre e, para atingir seus fins:

* manterá arquivo, biblioteca e museu especializados em assuntos alegrenses, prioritariamente;
* editará Revista para divulgação de suas atividades e trabalhos dos seus associados;
* promoverá reuniões, festividades, cursos, conferências, congressos, concursos e outras atividades sobre assuntos de sua especialidade, e afins;
* patrocinará e incentivará pesquisas científicas que visem a incentivar valores de nossa terra e seu maior conhecimento.
* manterá intercâmbio com associações congêneres, nacionais ou estrangeiras e com Universidades que mantenham cursos de seu interesse.

Patrono Cívico do Instituto Histórico e Geográfico de Alegre

Português, nascido em 1778, na aldeia de Cordeiros, em Riba de Mouros, província do Minho. Cresceu ouvindo “estórias” fabulosas sobre a terra de Santa Cruz, onde a verdade e a fantasia se misturavam, ocupando o pensamento do jovem, fazendo-o pensar em se juntar aos parentes que aqui já viviam, desbravando terras virgens à procura de grandes fortunas.

Aos vinte e três anos, no verão de 1801, ao regressar de seus afazeres no campo, foi surpreendido com o recebimento de cartas, enviadas pelo vigário da freguesia de São Miguel de Piracicaba, capitania de Minas Gerais, que o convidava em nome do seu primo Luiz Manoel de Caldas Barcellos, para participar, assim como outros co-herdeiros de Portugal, do inventário de uma herança deixada por um parente falecido naquela distante freguesia.

Todas as estórias fantásticas, que tanto povoaram seus sonhos na juventude, estavam, agora, convertendo-se em realidade. Manoel, na pujança dos seus 23 anos, confiante nos seus sonhos juvenis e de posse das procurações dos outros co-herdeiros, deixou sua aldeia natal, a caminho de Lisboa. Nesta cidade, hospedou-se na casa de parentes, os Caldas, ricos armadores, cujos navios a vela faziam tráfico comercial em portos brasileiros.

Dos Caldas, o jovem português ganhou passagem gratuita no veleiro Santa Cruz, desembarcando no porto do Rio de Janeiro, após quarenta dias de viagem, sendo recebido por parentes que aqui residiam, e que o orientaram na viagem para Piracicaba.

Sua estada na cidade do Rio de Janeiro foi bastante curta e logo o jovem Manoel José partiu para Piracicaba, onde estava correndo o inventário. Decorrido algum tempo, o demorado processo chegou ao fim e, então, escreveu aos seus parentes sobre o resultado do espólio, manifestando o desejo de voltar a terra o mais rápido possível. Nesse ínterim, cartas vindas de Portugal aconselharam-no a permanecer no Brasil por mais um tempo, pois sua terra tinha sido invadida pelas tropas francesas do general Junot, fato ocorrido em 1807.

Manoel permaneceu no Brasil e, após voltar a Minas, passou a residir em Mariana, onde galgou o posto de Guarda-mor do Termo, pelo Governo de Minas e se casou com Thereza Joaquina Fernandes Torres, viúva de Joaquim Fernandes Torres, de quem não teve descendência. Nesse período, associou-se com seu primo Caldas Barcellos, na exploração agrícola da fazenda São Francisco do Anta, sociedade desfeita em pouco tempo.

No ano de 1816, o Sargento mor Manoel José Esteves de Lima se ofereceu, em requerimento, ao governo da capitania de Minas Gerais, para conservar pelo espaço de dez anos a estrada aberta pela segunda Divisão Militar da Capitania de Minas Gerais até o rio Itapemirim da capitania do Espírito Santo, prestando apoio aos viajantes, pedindo, porém, a isenção de impostos sobre os gêneros que neste período de tempo, exportasse pela estrada. Inicialmente tal proposta não foi bem aceita pelo ministro do reino, o marquês de Aguiar, conforme ofício enviado por este marquês ao governo do Espírito Santo, no qual sugeria que a estrada fosse mantida pelos cofres públicos das duas capitanias.

O requerimento em questão recebeu aprovação através da Carta regia de 4 de dezembro de 1816, enviada ao Governador de Minas Gerais, permitindo a abertura de estradas pelo sertão que separa esta Capitania da do Espírito Santo, mandando vigorar o auto de demarcação de Limites de 8 de outubro de 1800, e dando outras providências.

Decorria o ano de 1820, quando o Sargento mor do Termo de Mariana, Minas Gerais, Manoel José Esteves de Lima, possuidor da concessão de exploração da estrada construída pelo Alferes da Segunda Divisão Militar da Capitania de Minas Gerais, João do Monte da Fonseca, e de terras para a mineração, organizou uma bandeira colonizadora, com setenta e dois homens, composta, em sua maioria, de escravos libertos, alguns índios mansos e alguns poucos brancos, com o objetivo de iniciar colonização das margens da estrada do qual era concessionário. Dos componentes da comitiva, que a história deixou registrados, podemos citar o Capitão José da Silva Vianna, Luiz Manoel de Caldas Barcellos, João Manoel Gonçalves Monteiro, tenente Rosas, o negro Flores, Justino José Maria das Dores, Jerônymo Rodrigues Cardoso, João Teixeira da Conceição e Calixto Antônio dos Santos, sendo este o guia da expedição.

Partindo de Mariana, percorrendo e ampliando a trilha já aberta pelo alferes João do Monte da Fonseca, penetrou nas matas virgens do Espírito Santo, ao sul da serra dos Arripiados (hoje Caparaó), pois seu interesse e de seus companheiros era construir fazendas e explorar ouro, fixando-se em solo fértil e de boas aguadas, e abrir um caminho mais curto entre Minas Gerais e o litoral. Chegando ao porto de Itapemirim, foi muito bem recebido pelo futuro Barão, Joaquim Marcelino da Silva Lima, ao qual entregou várias cartas, de que fora portador do governador de Minas Gerais.

A viagem de retorno foi, porém, um pouco mais lenta. Pois, além de instalar um quartel dos soldados de Minas na margem direita do rio Itapemirim, no local denominado Duas Barras, Manoel José Esteves de Lima foi deixando seus homens nas novas terras, às margens da estrada, com ordens de construírem ranchos de apoio às tropas e formarem fazendas.

O negro Flores recebeu as terras da Cachoeira das Flores (hoje município de Jerônimo Monteiro); a fazenda São Bartolomeu e do Pombal, ficaram sob os cuidados do seu sobrinho João Manoel Gonçalves Monteiro; Jerônymo Rodrigues Cardoso, abriu a fazenda São Francisco do Norte. Com as terras do Alegre ficou o mulato João Teixeira da Conceição; José Luiz da Silva Viana ficou com as terras da fazenda Jerusalém; Justino José Maria das Dores com as terras do Veado; as terras da fazenda Papagaio e São Francisco do Alegre foram delimitadas como terras do Sargento mor.

Chegando às cercanias do Caparaó, junto ao rio Preto e às margens da estrada, Manoel José Esteves de Lima estabeleceu a sede da sua principal fazenda, a qual denominou Santa Marta. A fazenda abrangia as duas margens do rio Preto, sendo ponto estratégico para o controle de todo o tráfego da região.

A primeira fonte histórica que indica o local da fazenda Santa Marta, encontra-se na carta que o capitão mor da vila de Itapemirim João Dias Pacheco Guimarães, da província do Espírito Santo, enviou ao Presidente da mesma província, Ignácio Accioli de Vasconcellos, nela informa que o sargento mor Manoel José Esteves de Lima encontra-se nos sertões, distante 22 léguas daquela vila, fazendo uma grande plantação por ordem do governo de Minas. Sabemos através do relatório que Manoel José Esteves de Lima enviou ao Ouvidor e Corregedor da Comarca do Espírito Santo Dr. José Libanio de Souza, que as margens do rio Preto encontra-se a dezesseis léguas da fazenda do capitão José da Silva Quintais, e que esta fazenda, vizinha do quartel da Barca, por informação de diversos autores da história capixaba, dista seis léguas da foz do rio Itapemirim.

Manoel José Esteves de Lima, a cada viagem ao porto de Itapemirim, inspecionava suas fazendas no Espírito Santo, administradas por seus sobrinhos João Manoel Gonçalves Monteiro, Antônio Manoel Gonçalves e Francisco Joaquim Lobato. Os dois últimos aqui chegaram de Portugal, em 1830.

Em 1824, nas terras da fazenda Santa Marta, o temos realizando uma grande plantação de gêneros alimentícios, para abastecer os desbravadores da região sul do Estado do Espírito Santo.

Em 1825, Manoel José Esteves de Lima trabalhava na manutenção da estrada de comunicação com a província de Minas Gerais. Esse trabalho era realizado com a ajuda dos índios mansos da tribo Puri.

Em 1828, Esteves de Lima requisitou do governo provincial do Espírito Santo, reforço para os quartéis de Cachoeiro e Duas Barras, a fim de conter os índios Puris e Botocudos e, também, salteadores e assassinos refugiados naquela região.

Participou ativamente nos Motins em Santa Rita do Turvo, em 1831; e Ouro Preto, em 1833. Tendo sua prisão decretada, e desgostoso com a política, o Capitão Mor Manoel Esteves de Lima, na madrugada de 14 de maio de 1833, partiu definitivamente para suas terras no Espírito Santo.

Residiu vários anos na fazenda do Papagaio, hoje, Jerônimo Monteiro, vendendo-a por vinte e um contos de réis ao tenente Rosas, antigo fazendeiro em Barra Mansa, recebendo, por conta, apenas um lote de burros. Não sendo efetuado o pagamento da parte final da dívida, o vendedor abriu ação judicial contra Rosas, mas veio a falecer sem estar terminada a questão, porém seu sobrinho, o capitão José Luciano Lobato de Souza, futuro Barão de São Francisco do Glória, continuou a ação, em que terminou vencedor.

Participou do desenvolvimento da região, até que, envelhecido por uma vida agitada, sem família nuclear, veio a falecer em dezembro de 1855, aos 77 anos, sendo enterrado junto ao seu companheiro de aventura, João Teixeira da Conceição, no cemitério da fazenda Santa Marta.

Manoel José Esteves de Lima, bandeirante destemido, foi um verdadeiro semeador de cidades, vilas e fazendas no sul do Espírito Santo. As cidades de Alegre, Dores do Rio Preto, Guaçui e Jerônimo Monteiro, as vilas de São Pedro de Rates, Rive e Pacotuba tiveram como início de seu desenvolvimento os ranchos de tropas e fazendas por ele implantadas.

O Capitão-mor Manoel José Esteves de Lima foi eleito patrono cívico do Instituto Histórico e Geográfico de Alegre, em Assembléia Geral realizada no dia 28 de fevereiro de 2008.

Por Carlos Magno Rodrigues Bravo

Quadro Social

Os associados da Instituição se enquadram nas seguintes categorias: mantenedores, beneméritos, correspondentes, honorários e colaboradores.

Endereço

Av. Oscar de Almeida Gama, 174
Centro – Alegre – ES
CEP 29500-000
E-mail: ihga@alegre.es.gov.br

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