Maio Laranja: Alegre registra 31 estupros de vulneráveis em 4 anos

Maio Laranja: Alegre registra 31 estupros de vulneráveis em 4 anos

A Prefeitura de Alegre dá continuidade às discussões em torno do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, marcado pelo dia 18 maio.

Os dados da Secretaria de Estado e Segurança Pública (Sesp) apontam 5.879 casos de violência sexual contra menores de 18 anos entre 2020 e os dois primeiros 2024, no Estado.

Em Alegre, 43 ocorrências dessa natureza foram notificadas no mesmo período, sendo 31 pelo crime de estupro de vulnerável.

Para dimensionar gravidade e recorrência desse tipo de crime, que em apenas 8,2 % das situações chega ao conhecimento das autoridades, não é necessário pensar que na verdade, seriam aproximadamente 500, os casos na cidade.

Caminhada promovida pelo CREAS, na manhã de sexta-feira (17). Foto: Gabriel Lemes/SCOS/PMA.

A lista da Sesp inclui o assédio sexual, ato obsceno, corrupção de menores, estupro, importunação sexual, atendado violento ao pudor e tentativa de estupro.

A cada hora três crianças são abusadas no Brasil.

Crimes sexuais contra menores de 18 anos no Espírito Santo
20201.246
20211.284
20221.570
20231.569
2024 (até fevereiro)210
 Total 5.879  
Fonte: Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).
“Mais da metade dos crimes é de estupro e cometido em casa”

Das vítimas desses tipos de crimes, 51% têm entre um e cinco anos, como revela a campanha Maio Laranja, de combate à exploração e abuso sexual infantil no Brasil.

Foto: Divulgação Maio laranja

Outro estudo, dessa vez com dados reunidos entre 2015 e 2012 a partir do Boletim Epiodemiológico do Ministério da Saúde, aponta que 41,2% dos casos de violência foram contra crianças de zero a nove anos.

Prevalência de crimes contra crianças de zero a nove anos
CrimesLocal dos casos  Vínculo com o agressor
Estupro 56,8%Residência 70,9% Familiares 41,1%  
Assédio sexual 29,2%Escola 2,3%  Amigos/conhecidos 26,9%  
Pornografia infantil  3%Via pública 0,9%Desconhecidos 6,6%
Exploração sexual 2,3% Outros 25,4%  
Outras 8,7%    
Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Quem são as vítimas?

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, de forma geral, há desigualdade racial entre as vítimas em todas as faixas etárias. As vítimas negras (pretas e pardas) são a maior parte em praticamente todas as idades.

Foto: Reprodução.

Dentre as vítimas do sexo feminino, existe um pico de casos entre três e quatro anos de idade e, a partir dos nove anos, o número de casos aumenta e alcança o seu maior valor com vítimas de 13 anos.

Dentre as vítimas do sexo masculino, apesar de se tratar de menor quantidade de casos, o pico se dá aos quatro anos de idade.

O trabalho concluiu que 8,5% dos casos chegam ao conhecimento da polícia, e só 4,2% são identificados pelo sistema de saúde.

“Abusos se prolongam no silêncio do machismo”

O boletim Ministério da Saúde também aponta que a maioria das notificações envolve meninas. 

Crianças do sexo masculino que sofrem esse tipo de abuso são menos propensas a falar, pois existe cultura patriarcal e devido ao prejulgamento que surge quanto à identidade sexual, após o menino ter sido abusado.

Foto: Reprodução.

Isso traz a ideia de “subnotificação da subnotificação” dos casos envolvendo crianças e adolescentes do sexo masculino.

Lei caracterizava estupro apenas em crimes contra mulheres

Até 2009, por exemplo, a legislação brasileira definia estupro apenas como um crime cometido contra mulheres.

Foto: Reprodução.

Antes da alteração no Código Penal, o artigo 213 mencionava “constranger mulher”. A reforma tenta garantir a igualdade de proteção legal para todas as vítimas de estupro, independentemente do gênero.

“Só 7% da exploração sexual vira denuncia”

Os crimes de pornografia infanto-juvenil e exploração sexual infantil com vítimas de 0 a 17 anos, tiveram aumento nos seus números absolutos de 7,0% e 16,4%, respectivamente, entre 2021 e 2022.

Operações da Polícia Federal tentam coibir os crimes seuxuais contra cirnças e adolescentes. Foto: Reprodução/G1.

Os casos de exploração sexual infantil possuem o seu pico entre as idades de 10 a 17 anos.

No caso da exploração sexual infantil, a subnotificação é ainda maior, com denúncia de apenas 7%, segundo Childhood Brasil, instituição internacional que combate também a prostituição infantil.

SAIBA MAIS

“Violência deve ser comunicada ao município”    

Desde 2014 os casos de violência sexual contra crianças e adolescentes passaram a ser obrigatoriamente notificados e comunicados às secretarias municipais de Saúde em até 24 horas após o atendimento à vítima.

Foto: Reprodução.

Outra ação obrigatória é a comunicação ao Conselho Tutelar, conforme determina Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Cabe ao Conselho Tutelar realizar os encaminhamentos, requisitar serviços nas áreas de segurança, saúde, educação ou judicial, a depender do caso de violação do direito da criança.

Alegre conta com Conselho Municipal desde 2020

O município de Alegre conta com um Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (COMCRIIA), criado com a Lei nº 3.543/2019.

Prefeito Nirô Emerick discursa durante encontro sobre o dia 18 de maio. Foto: Gabriel Lemes SCOS/PMA.

É um órgão que tem a atribuição de deliberar e promover a política dos direitos da criança e do adolescente, controlador das ações, em todos os níveis de implementação desta mesma política.

Além disse, é responsável por fixar critérios de utilização e planos de aplicação do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (FIA),

Conheça o COMCRIAA, clicando AQUI,

Canais de denúncia

Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) criou em setembro de 2023, o App Infância Segura, que reúne os canais de denúncias.

App Infância Segura. Foto: Divulgação/TJES.
  • Disque 100: O serviço funciona todos os dias da semana, das 8h às 22h.
  • Disque Denúncia Estadual: 181.
  • Conselho Tutelar de Alegre: (28) 99913-8330.
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