A Biblioteca Municipal de Alegre é um ambiente multicultural, que reúne literatura, música, arte, debates e ideias. O espaço criativo, que conta com uma estrutura de teatro, receberá nesta quinta-feira (18), o espetáculo “A Culpa”.
O ator Luiz Carlos Cardoso, que interpreta o monólogo, e o diretor Carlos Ola, estão a frente desta adaptação da obra “Carta ao Pai”, do escritor tcheco Franz Kafka (1883-1924).
Na divulgação, o diretor explica que “A Culpa” contém referências de outras obras do autor, célebre por títulos como “A Metamorfose” e “O Processo”, e muitas outras referências, que se cruzam entre literatura, filosofia, individualidade e história.
“Mergulhamos numa garagem pequena com objetos aparentemente abandonados: restos de um computador; escrivaninha; papéis velhos; uma cadeira giratória quebrada; e caixas de papelão – objetos e coisas de um mundo tecnicista. Uma ambientação propícia para as primeiras leituras da adaptação livre da obra”, relembrou o diretor teatral.
Ainda segundo o diretor, o que acontece no palco é um mergulho na alma do homem moderno. “Um mergulho sem volta, que questiona, dentre outras coisas, a dimensão das relações de hierarquia e subordinação presentes, e muitas vezes despercebidas no cotidiano”.
O absurdo cotidiano
Nesse pedido poético de licença a Franz Kafka, considerado um dos 10 maiores escritores do século passado, a peça também recorre à expressão da dança, criada pelo coreógrafo Jeremias Schaydegger e à música, proposta pelo violinista João de Paula Junior.
“Carta ao Pai é uma obra especial. Primeiro, por não ser ficcional. É o próprio Kafka quem expõe suas relações com o pai ao longo das páginas, deixando para a posteridade a verdade sobre seus sentimentos. Além disso, por não serem ficcionais, os fatos vão se formatando na cabeça do leitor que dá às palavras e às histórias seus sentidos próprios, de acordo com seu repertório emotivo”, explica o ator Carlos Cardoso.
De acordo com ele, na criação do espetáculo, os autores refletiram sobre as relações de subordinação e dominação que conduzem a história da humanidade desde sua origem, como por exemplo Deus, Adão e Eva; o homem e o fogo; os animais e a fome a vida e a água; os profetas e os seguidores; os descobridores e a terra; os senhores e os escravos; os governos e os cidadãos; pai e filho.
A relação entre pai e filho é de onde parte a peça, e o público pode embarcar, para uma interpretação particular e profunda dos absurdos, incoerências e demais aspectos surreais da vida que se tornaram sinônimo do que se diz kafkiano.
- LEIA TAMBÉM: “Alegre em Ação”: Retomada do desenvolvimento
“A Culpa” já circulou por palcos mundo afora
Em 2012, o espetáculo contemplado pela Lei Rubem Braga de Cachoeiro de Itapemirim, estreou em Guaçuí e em Cachoeiro de Itapemirim.
Depois disso, ganhou os palcos de dentro e fora do Brasil. No Chile, por exemplo, foi apresentado em dois festivais internacionais. Em Portugal, teve chancela do projeto Espírito Mundo, que leva artistas brasileiros para a Europa.
Também marcou presença no Festival de Teatro de Curitiba, o maior do país, além de festivais no Piauí, na Bahia e no Espírito Santo. Em 2014, participou da primeira mostra de teatro brasileiro em Moçambique.
Ficha técnica
- Texto: FRANZ KAFKA
- Dramaturgia e atuação: LUIZ CARLOS CARDOSO
- Direção: CARLOS OLA
- Direção de Movimento: JEREMIAS SCHAYDEGGER
- Cenário e figurino: LUIZ CARLOS CARDOSO e CARLOS OLA
- Iluminação: CARLOS OLA e JORGE BWERES
- Trilha Sonora: JOÃO DE PAULA JUNIOR
- Operador de Luz: CARLOS OLA
- Operadora de Som: NEUZA DE SOUZA
- Realização: GRUPO ANÔNIMOS DE TEATRO
- Produtora parceira: COMPANHIA DO OUTRO