Maio Laranja: Caminhada alerta para mitos do Abuso Sexual

Maio Laranja: Caminhada alerta para mitos do Abuso Sexual

Nesta sexta-feira (17), a equipe do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), promoveu uma caminhada de conscientização, como parte da Campanha “Faça Bonito”, uma ação nacional para o Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.

O encontro começou em frente à CEEFMTI Aristeu Aguiar, no Centro e avançou pelas ruas da cidade. A data da caminhada antecede o Dia Nacional de Combate ao Abuso e a Exploração Sexual contra Crianças e Adolescente, instituída em pela Lei nº 9.970/2.000.

Segundo a Secretaria de Assistência Social e Diretos Humanos de Alegre, Ediane Vital, ao longo de todo o mês serão realizadas palestras informativas nas escolas do município.

Foto: Gabriel Lemes/SCOS/PMA.

“A ação também denota o comprometimento da cidade em educar e informar a comunidade, por meio de palestras e materiais informativos, reforçados por ações contínuas nas redes sociais. Temos esse papel, como servidores públicos, mas a responsabilidade pelo cuidado e preservação das crianças é um dever pelo qual todos devem se sentir responsáveis”, disse Ediane Vital. 

O intuito das ações da SEASDH é desmistificar os aspectos que não favorecem a diminuição dos casos.

Dentre tantos exemplos de inverdades sobre o tema, está acreditar que a maioria dos abusadores é desconhecida da criança ou que possui características próprias e aparentes, que possam identificá-los.

Estudos apontam que na maioria dos casos, trata-se de familiares e pessoas próximas, geralmente “acima de qualquer suspeita” e que maior parte dos abusos acontecem no ambiente doméstico.

Símbolo da campanha maio Laranja. Foto: Camoanha Faça Bonito.

Outra crença comum e equivocada é imaginar que os abusos ocorrem sempre de maneira violenta, deixando marcas físicas visíveis, quando o mais comum, segundo as estatísticas, é que o abusador utilize de ameaças ou métodos sutis e ardilosos para conquistar a confiança e induzir ao silêncio.

Também mito é acreditar que esse tipo de crime só ocorre nas classes menos favorecidas.

Conscientização nas escolas e nas ruas da cidade

Na última terça-feira (07), a equipe do CREAS circulou pelas ruas da cidade com uma “Blitz Educativa”, para chamar a atenção e aumentar a conscientização da cidade e ampliar os mecanismos de proteção, divulgando também os canais de denúncia.

Crianças marcaram presença na caminhada. Foto: SCOS/PMA.

Segundo a psicóloga escolar da Secretaria Executiva de Educação (SEED), Vitória Cristina de Morais, a equipe psicossocial tem atuado em estreita parceria com as escolas.

“Além de alunos e professores, esse esforço também se estende à família dos estudantes. Em caso de suspeita, o psicólogo juntamente com a escola deve acionar o Conselho Tutelar com a Delegacia do município, para começar o processo de investigação. Alepm disso, o setor psicossocial faz encaminhamentos à Saúde, para as Unidades Básicas de Saúde (UBS), Hospitais e para a Assistência Social no CREAS”, esclareceu.

Números oficiais de notificações

Em Alegre, segundo dados da Secretaria de Estado e Segurança Pública (Sesp), entre 2020 e fevereiro de 2024, 43 crianças e adolescentes foram vítimas de crimes sexuais, que na categorização da Justiça, varia entre importunação, assédio, ato obsceno, tentativa de estupro ou estupro de vulnerável.

Caminhada realizada pelo CREAS, em 2022. Foto: SCOS/PMA.

No Espírito Santo, o número de notificações vem crescendo nos últimos anos e chega ao total de 5.879 casos no mesmom período.

No Brasil, a cada três horas uma crianças ou adolescente é vítima de alguma violação sexual.

A equipe de Jornalismo Institucional da Prefeitura de Alegre, com base em em estudos sobre o tema, elencou 10, de muitos outros mitos que ainda interferem diretamente na redução dos casos, no amparo às vítimas e na punição dos agressores.

10 mitos sobre crime sexuais contra crianças e adolescentes
Mitos  Realidade
1. A criança mente e inventa que é abusada sexualmente.  Raramente a criança mente. Apenas 6% dos casos são fictícios e, nessas situações, trata-se, em geral, de crianças maiores, que objetivam alguma vantagem.
2. Se uma criança ou adolescente “consente” é porque deve ter gostado. Só quando ela disser “não” é que fica caracterizado o abuso.  O autor da agressão sexual tem inteira responsabilidade pela violência sexual, qualquer que seja a forma por ela assumida.
3. É fácil identificar o abuso sexual em razão das evidências físicas encontradas em crianças e adolescentes.  Em apenas 30% dos casos há evidências físicas. As autoridades devem estar treinadas para as diversas técnicas de identificação de abuso sexual.                          
4. O abuso sexual está associado a lesões corporais.  A violência física contra crianças e adolescentes abusados sexualmente não é o mais comum, mas sim o uso de ameaças e/ou a conquista da confiança e do afeto da vítima. Mesmo o ato sexual em si, muitas vezes, não deixa lesões corporais. As crianças e os adolescentes são, em geral, prejudicados pelas consequências psicológicas do abuso sexual.  
5. As vítimas do abuso sexual são oriundas de famílias de nível socioeconômico baixo.Níveis de renda familiar e de educação não são indicadores do abuso.
Famílias das classes média e alta podem ter condições melhores para encobrir o abuso e manter o “muro do silêncio”. As vítimas e os autores do abuso são, muitas vezes, do mesmo grupo étnico e nível socioeconômico.
6. A maioria de pais e professores está informada sobre abuso sexual de crianças, sobre sua frequência e sobre como lidar com ele.A maioria, no Brasil, desconhece a realidade sobre abuso sexual de crianças. Pais e professores desinformados não podem ajudar uma criança.
7. O abuso sexual se limita à conjunção carnal, com penetração.  Além do ato sexual com penetração vaginal (estupro) ou anal, outros atos são considerados abuso sexual, como o voyeurismo, a manipulação de órgãos sexuais, a pornografia e o exibicionismo.
8. É impossível prevenir o abuso sexual de crianças.  Há maneiras práticas e objetivas de proteger as crianças do abuso sexual.
9. Crianças e adolescentes só revelam o “segredo” se tiverem sido ameaçadas com violência.Crianças e adolescentes só revelam o “segredo” quando confiam e sentem-se apoiadas.
10. A divulgação de textos sobre pedofilia e fotos de crianças e adolescentes em posições sedutoras ou praticando sexo com outras crianças, adultos e até animais não causa malefícios, já que não há contato e, muitas vezes, tudo ocorre virtualmente na tela do computador.O malefício é enorme para as crianças fotografadas ou filmadas. O uso desses textos e imagens estimula a aceitação do sexo de adultos com crianças, situação criminosa e inaceitável. Sabe-se que frequentemente o contato do pedófilo se inicia de forma virtual por meio da internet, mas logo pode passar para a conquista física, levando inclusive ao assassinato de crianças.
Fonte: Relatório “Construindo uma Cultura de Prevenção à Violência Sexual”. Childhood Brasil.
Canais de denúncia

O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) criou em setembro de 2023, o App Infância Segura, que reúne os canais de denúncias.

App Infância Segura. Foto: Divulgação/TJES.
  • Disque 100: O serviço funciona todos os dias da semana, das 8h às 22h.
  • Disque Denúncia Estadual: 181.
  • Conselho Tutelar de Alegre: (28) 99913-8330.
Pular para o conteúdo